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O REI DA RUA
 

Todos na vizinhança haviam se acostumado à presença do novo morador da praça, quando, numa tarde ensolarada, ele aparecera por ali empurrando uma antiga poltrona de veludo negro. O homem maltrapilho acomodava-se no móvel para discursar a respeito dos inimigos de seu reinado. Os responsáveis pelo seu exílio não passavam de sádicos tiranos.

Naquela manhã, ao sair da padaria, um dos vizinhos gritou em tom irônico:

— Bom dia, Majestade!

Enfurecido, o homem subiu na poltrona. Porém, desta vez, seu discurso não exibia o menor vestígio de saudade da realeza. Em meio a palavrões e frases confusas, o fulano destilou sua raiva contra o mundo. E pulou no chão ateando fogo ao móvel enquanto berrava:

— Cansei de ser rei. Abaixo a monarquia!

A poltrona ainda estava em chamas no instante em que uma bela mulher, moradora do bairro, atravessou o jardim da praça, parando ao lado do sujeito:

— Que pena! Seu trono era tão bonito.

Pela primeira vez, desde que passara a viver naquela rua, o homem esboçou um sorriso.

 

 
 
(*) IMAGEM: FOTO / VIVIAN MAIER
 
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 16/11/2015
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